quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Incapacidades

Naquele fim de noite nostálgico consegui notar o não querer. Ausência da dor da despedida que outrora me apertava persistente o peito. Não havia a chegada da saudade nem a espera de uma longa e solitária noite de insônia. 

Era eu e você. E não existia o nós! Não existia o talvez. Os passos que me afastaram de você foram meus. E foram certeiros, retos... não sabia muito bem onde ir, mas sabia onde não queria estar. Mas não é nada particular, entenda! 

A coisa simplesmente passou. A culpa não é sua, querido! Não lastime! Aceite como eu também fui capaz de aceitar: eu não odeio você e você também não me odeia, mas éramos muito diferentes. Desculpe a minha incapacidade de terminar essa carta de forma digna e coerente, mas quase tudo na minha vida terminou assim... de forma mal-acabada. Com você não seria diferente.



segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Ao sabor do vento




E me encontrava no meio do rio
Sem margens à vista
Sem remo ou colete salva-vidas
Era eu, o barco e o vento
E era ao seu sabor que eu ia e vinha 

E esta alma que me habita
Tão repleta de sonhos outrora
Agora estava vazia
Era o espaço do não lugar
Era terreno baldio sem capinar

Era o canto calado
O suspiro abafado
Bailarina dançando sem par
Era vista cansada
A espera da cura
Dor latente chegando ao cessar

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Só saudade

Não era mais uma necessidade de ti. Era saudade mesmo. Saudade do caminhar sem destino, do sorriso gratuito, da carícia singela. Era saudade do todo. Até dos defeitos sentia saudade. Mas isso não lhe parecia ruim. Essa saudade lhe parecia boa. Era quase bonita de sentir. Se ela fosse uma flor, seria uma rosa branca sem espinhos algum. Se fosse um animal, poderia encarnar um pássaro que, aprendendo a voar, cai do ninho. Mas era só saudade. E se bastava por isso.


Não era dolorosa ou sofrida, mas trazia consigo uma lágrima na palma da mão. Trazia um cansaço de fingir ser o que não se era. De se parecer com o que nunca fora. Trazia um ofegar desiludido e resignado. Os olhos não pareciam querer tentar mais, mas não estavam tristes. Estavam, talvez, somente cansados.

Mas ela ainda está lá. Latente no peito. Um leque em chamas. Era melhor amiga, companheira e seu grande drama. As lágrimas já não eram pela saudade, mas pelo cansaço, pelo “que estou fazendo aqui” sem resposta pronta, mais pela sensação de perda do que não se conhece do que a perda daquilo que se ama.